
Você Quer Mudança? Mas que Mudança Você Realmente Quer em Sua Vida?
(Critério extremamente relevante na administração dos rumos das próprias fases críticas de mudança de vida.)
Benjamin Teixeirapelo espírito Eugênia.
Esgotado da atividade profissional, sem perspectivas de melhoria, angustiado em trabalho repetitivo, sem alma, sem vida, sentindo-se torturado e impotente, você cogita, sinceramente, em mudar de carreira.
Talvez, de modo diverso, seja o matrimônio que lhe pareça de todo arruinado, sem chances de reconstrução saudável e feliz, constituindo-lhe o convívio doméstico com o parceiro ou os familiares uma prisão insuportável, inviabilizando-lhe a felicidade e mesmo a paz.
A cidade em que reside, outrossim, pode ser o problema que se lhe afigura causa de sua aflição, e você especula, sinceramente, em fixar residência em outra pólis, vendo a transferência de moradia como o ponto de esperança ridente a iluminar a escuridão de sua total apatia. Observe, porém, amigo, se o desejo momentâneo de mudança – ou mesmo uma crise demorada –, que, em sua análise de agora, claramente lhe parece relacionado a um aspecto específico de sua existência (como os que citamos: o trabalho, o casamento ou a cidade de residência), não possui gênese mais profunda. Se a sua pendência tem etiologia mais complexa que a que você vislumbra num primeiro exame, é possível que, em tomando a providência que divisa como sendo a solução apropriada para seu quadro de angústia, em vez de resolução, encontre uma circunstância ainda mais problematizada e sofrida. Assim, medite com critério.
Será que o que você busca não seria um pouco mais de tempo para si? Com a família, em nova atividade de lazer, em um novo curso acadêmico (ou alternativo, não-formal, a que se dedique no tempo livre)? Não lhe faltaria um pouco de reflexão, leitura de qualidade, oração, meditação, uma nova definição religiosa, ou mais tempo, tão-somente, para o ócio, que lhe propicie ocasião de “assentar a poeira” do turbilhão da rotina e, destarte, lhe retempere o ânimo, oferecendo-lhe perspectiva serena e lúcida, de forma que, então, sejam incubados “insights” importantes, para a catálise de seu aprendizado e aprimoramento das diretrizes que atualmente o conduzem, como filosofia de vida, declarada ou subliminar?
Procurando externamente a razão para suas atribulações, pode, em não lhes remontando às geratrizes verdadeiras, apenas transferir o ponto de manifestação das mesmas para novos núcleos de dificuldade, provavelmente complexificadas, porque permanecerão ignoradas, e, com isso, agravadas, nos perigosos corredores subterrâneos da inconsciência, onde larvas se convertem em monstros, e figuras teratológicas transfundem-se em tragédias… na vida do incauto que lhes não deu a devida atenção, nem lhes processou os motivos profundos.
Experimente começar uma terapia, busque aconselhamento espiritual, reserve diariamente tempo para sua reflexão existencial, ligue-se a um grupo de apoio – seja de amigos ou de estranhos comprometidos com um mesmo ideal. Mas não se entregue ao mal-estar: processe-o. No imo mais fundo do mal, reside o bem, em gérmen, que aguarda, de seu livre-arbítrio e determinação, a irrigação da paciência e o adubo da ponderação, para se transverter na árvore frutífera de um novo nível de consciência, de um novo ciclo de vida, quiçá realmente muito mais satisfatório e produtivo, que surja da morte situacional de sua crise; ou, se preferir outros termos, para que você mesmo renasça, mais lúcido, seguro e sereno, das cinzas de sua própria morte simbólica para o padrão psicológico atual, na direção de um novo patamar de realização íntima e felicidade, em todos os departamentos de sua existência.
(Texto recebido em 29 de outubro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)
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